Minha experiência na alfabetização
não foi muito boa, em casa a gente não tinha o incentivo dos pais, vivia a meio
de muitos conflitos familiares, lembro que estava na 2ª série, eu ia para
escola sozinha. A gente ia para a escola
porque tínhamos que ir, mas não tinha ninguém em casa para conversar e ajudar a
tirar as dúvidas. Meus melhores momentos de fato eram na escola.
No ambiente escolar a
professora trabalhava com o sistema do alfabeto relacionado a objetos e
animais: A de abelha; E de escova; I de índio e assim por diante.
Lembro-me de alguns encontros no fundo biblioteca,
em um espaço bem pequeno, onde a professora colocava o disquinho vermelho da
história do “Chapeuzinho Vermelho”, e ficávamos imaginando toda a sena,
conversando baixinho, sussurrando nossos medos do lobo mau e assim por diante.
É maravilhoso lembrar, de tudo isso, voltar lá atrás e trazer todas essas
lembranças. Foi gostoso, pois aprendia brincando.
Quando estava na 2ª
série a escola incendiou e ficamos muito tempo sem aula. Foi um momento de preocupação,
pois o pensamento na importância da escola ficou de lado. Os alunos foram
transferidos para um espaço na igreja e a alfabetização continuou com poucos
recursos.
Tenho guardado em minha
mente das dificuldades que eu tinha para interpretar o que eu lia e não
entendia o que estava lendo, apenas durante o momento da leitura oral, quando
os colegas liam o texto em voz alta, eu começava a entender o que eu tinha
lido.
Hoje a alfabetização acontece também por meio da
relação das letras com objetos.
Tive pouca experiência
como alfabetizadora, pois meu atual trabalho é com a educação infantil no
berçário I, com uma turma de dez alunos na faixa estaria entre um a dois anos
de idade. Onde a maioria depende do colo para tudo, desde a alimentação, a
troca das fraldas. Não vejo aqui aonde se encaixaria a alfabetização.
Mas posso relatar uma
experiência que tive com alunos do segundo ano fundamental, que exerci durante
o período do magistério. Era uma turma com vinte e cinco alunos, a maioria já
alfabetizados, onde facilitou o caminho para desenvolver as atividades
propostas, porem havia cinco alunos com dificuldades em se alfabetizar, existiram
ali problemas de separação dos pais, conflitos familiares, constataram-se também
problemas de dislexia. Notei que alguns tinham comportamento bastante
agressivo, não demonstravam nenhum tipo de interesse em participar das
atividades, enquanto outros dormiam durante o período de aula. Então isso me
chamou a atenção para esse comportamento repetitivo, lembro que gostavam muito
de jogar futebol, combinei com a turma que se começassem a participar das aulas
com os outros colegas, que formaríamos então um time de futebol como parte das
atividades de educação física. Entrei em ação com essas crianças, confeccionei
coletes de TNT em duas cores, sendo eu a juíza. Na sala de aula agrupei esses
cinco alunos, juntando suas mesas, propondo-lhes que copiassem o roteiro do
dia, distribuí a eles as mesmas atividades, porém passava-lhes outros exercícios
como cartilhas com letras do alfabeto, a junção das sílabas e atividades com
animais, objetos, cruzadinhas entre outros. Criamos então uma harmonia para o
nosso dia a dia, não havia mais tempo para dispersão, tinham tarefas para desenvolverem
e depois o famoso jogo de futebol na hora da educação física.
Durante esta observação
e convívio com as crianças surgiram as minhas inquietações, pois me coloquei no
lugar deles e passei a procurar recursos para suprir tamanho descaso que eles
ali se encontravam. Penso que na minha época não tinha tantas medidas assim,
onde o educador se envolve com os alunos, buscando sanar seus problemas além da
sala de aula.
Em breve novas postagens, abraços Rosângela Farias.
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